A evolução feminina do mercado de cibersegurança

Neste mês das mulheres, vamos falar um pouco sobre o papel delas no nosso setor.

O segmento da cibersegurança sofre com falta de profissionais de todos os gêneros, mas sobretudo apresenta uma porcentagem baixa do gênero feminino em comparação com o gênero masculino. No longo do tempo, os número tem aumentado, mas ainda a representação do homem continua sendo muito maior (80%-75%, dependendo do país, segundo o último levantamento feito em 2019). Por quê?

Com a ajuda do nosso parceiro Kaspersky te explicamos três dos motivos causadores desta situação, isto sem entrar em temas sociológicos, mas analisando sim, quais são os fatores que influenciam as mulheres na sua tomada de decisão. Da mesma forma, com ajuda de alguns relatórios te explicamos como tem evoluído este mercado.

Por que predominam os homens na cibersegurança desde que temos conhecimento?

No ano 2017, a Kaspersky levantou algumas estatísticas sobre a participação da mulher na segurança da informação. Os números, logicamente, estão desatualizados (agora cresceram um pouco), mas as conclusões ainda funcionam para explicar os motivos desta desigualdade.

Fator 1: Educação

Atualmente, é comum que as escolhas em relação a estudos e planos de carreira sejam feitas muito cedo. Assim, acontece que quando as mulheres estão no seu processo de seleção, ainda são um pouco novas para se interessar por algumas carreiras que normalmente são escolhidas pelo setor masculino. Não é algo que acontece em 100% dos casos, mas é uma tendência.

Desta forma é possível explicar que os garotos têm mais probabilidade de escolher às matemáticas ou TI como matérias preferidas (49% e 21%) do que as meninas (36% e 7%).

E esse tipo de matérias são as que se encontram em uma carreira de cibersegurança. Além disso, mais do 50% das meninas entrevistadas para aquele momento comentaram que não tinham experiência com programação, motivo pelo qual trabalhos relacionados não eram do seu interesse e estavam dentro das opções.

Janice Richardson, conselheira na European Schoolnet, comentou: “As escolas possuem grande papel nisso, pois a cibersegurança só se tornará atrativa como opção de carreira quando os jovens forem capazes de entender o sentido e os desafios oferecidos.”

Em relação a este último, a escola deve ser um ente reforçador, mas realmente essa educação deve começar em casa, pois são os pais os que devem dar o primeiro passo desconstruindo esse tipo de ideias que acreditam que as mulheres podem ou devem se adaptar melhor a certos tipos de profissões.

Fator 2: Falta de influências

É normal, ainda mais quando se é jovem, procurar referências em outras pessoas. 69% das entrevistadas daquele estudo afirmaram não conhecer nenhuma mulher que trabalhasse em cibersegurança. Isto, em grande escala, converte-se em um problema, pois a realidade é que dessa porcentagem, 63% olhava de forma positiva para o setor de cibersegurança após conhecer mulheres que tiveram atuação nele. Porém, o problema está em que, de forma natural, isto é algo que não acontece e torna difícil que as meninas conheçam realmente esse setor feminino da segurança da informação, pois não existe uma identificação nem interesse nele.

Se o mercado de trabalho virasse e hoje tivesse maior representação feminina na área de segurança e tecnologia promovendo a escolha desta carreira de maneira pública e até prática, hoje a história seria diferente.

Fator 3: Habilidades

Não é que as mulheres não possuam as habilidades para trabalhar na cibersegurança, é que elas acreditam que não as possuem ou, em outros casos, é que simplesmente não sabem quais são as habilidades necessárias para trabalhar nesse setor. Ou seja, existe uma grande insegurança que afeta o poder de decisão neste aspecto.

Quando perguntaram às mulheres o porquê do seu pouco interesse para investir na carreira de segurança cibernética, elas afirmaram que não possuem experiência em codificação (43%), não têm interesse em computação (39 %), não têm conhecimento de cibersegurança (38%) e que não são suficientemente ‘afiadas’ em matemática e exatas (25%).

Boas notícias: Os números subiram

Como já falamos, o relatório anterior realizado pela Kaspersky LAB foi elaborado no ano 2017 e ele localizava a participação feminina em 11%, mas em 2019 esse número elevou-se para 20% em média, segundo um relatório elaborado pela organização sem fins de lucro chinesa ISC², o que indica que maior quantidade de mulheres estão se somando ao nosso setor. Cabe ressaltar que estas cifras são uma representação do mercado no mundo, pois até agora o Brasil não dispõe de relatórios semelhantes, mas servem para se ter uma ideia.

Destaque importante

Um aspecto importante que foi destacado nesse estudo de 2019 é que com esse aumento da porcentagem de mulheres, também aumentou a ocupação delas em cargos de liderança de TI, inclusive, em muitos casos supera os homens.

A pesquisa mostra que as mulheres de TI estão atualmente presentes em áreas mais executivas, enquanto os homens ocupam as áreas mais técnicas. Por exemplo:

  • Diretor de tecnologia – 7% das mulheres contra 2% dos homens
  • Vice-presidente de TI – 9% das mulheres contra 5% dos homens
  • Diretor de TI – 18% das mulheres contra 14% dos homens
  • C-level / executive – 28% das mulheres contra 19% dos homens

Outro fator interessante, é que segundo o mesmo relatório, a quantidade de mulheres com uma pós graduação era maior do que a quantidade de homens em posse do mesmo diploma (44% vs 52%).

O desafio continua

Apesar dessas realizações, ainda existe trabalho por fazer, pois o número de mulheres continua sendo baixo em comparação com os homens. Além disso, existem outras brechas quanto a cargos de CEO (as mulheres representam apenas 7% dos CEOs de TI no mundo).  Outros estudos, como o feito por Tlinside em 2018 concluiram que 78% das mulheres não estavam considerando a carreira de TI e não existe previsão disso mudar. Isso reforça a necessidade de focar no primeiro fator que explicamos: a educação.

O que se pode fazer?

Em relação ao pouco interesse em estudar alguma carreira relacionada, são necessários os incentivos por parte das empresas, não só nas formas de contratação, mas também talvez na metodologia de trabalho para que seja mais atrativa ao sexo feminino, por exemplo.

Existe um trabalho importante nessa mudança de “chip” sobre o fato das mulheres também poderem pertencer a esta área de trabalho.

Agora que o setor da cibersegurança está precisando de profissionais urgentemente, é possível ver uma baixa participação feminina, ainda mais se considerarmos todas as áreas: compliance, auditoria e governança.

As mulheres podem fazer grandes coisas (por isso futuramente falaremos sobre alguns momentos épicos da mulher dentro da tecnologia e segurança da informação, em honra a elas este mês), só que para que a participação da mulher aconteça de forma completa nesse setor precisam ser alinhados muitos fatores.

A inclusão da mulher na segurança cibernética é algo que começa em casa, passa pelas escolas e continua nas empresas, mas que inclui além disso, as mulheres que trabalham na cibersegurança para se darem a conhecer e assim motivar outras mulheres a vencer os preconceitos que envolvem as carreiras relacionadas com tecnologia.

Fontes:

minutodaseguranca.blog.br

Kaspersky.com.br

blog.convisoappsec.com

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